Ser perfeccionista não é fácil

Seguramente vocês não são perfeccionistas nem conhecem ninguém que seja… mas se por acaso se cruzarem com alguém…

Ser perfeccionista não é fácil. Há quem idealize uma certa decoração em casa, os quadros tão bem postos e alinhados, que passados 10 anos ainda não tem nenhum quadro pendurado na parede…

Uma pessoa perfeccionista tem um desejo de fazer tudo bem, mas acaba por adiar decisões, preocupar-se com o que pode correr mal e cada vez que falha, fica a remoer no que correu mal. O perfeccionista pensa que tem que fazer tudo bem, e como se não bastasse, fazer tudo bem à primeira ocasião.

De onde vem o perfeccionismo?

Não faço ideia, problema vosso.

Mas já que estamos a pensar… talvez de alguma relação importante no nosso passado – talvez um pai ou mãe ou um ambiente onde estávamos – em que sentimos que para sermos gostamos e valorizados tínhamos de fazer tudo bem. Entretanto passaram-se 20 ou 30 anos, e continuamos a funcionar da mesma forma: a depender o nosso valor da opinião dos outros, a proteger-nos de falhar e sem admitir erros.

O perfeccionismo revela-se em 2 lados: exigência tremenda connosco e com os outros. Não queremos desiludir, e não queremos ser desapontados. Facilmente se percebe que isso faz mal à nossa saúde mental e às nossas amizades e relações de trabalho.

Ser rigoroso, exigente ou responsável são coisas boas, o problema é quando queremos ser perfeitos, porque perfeito…só é Deus. Ao querer fazer tudo bem, estamos a comprar um bilhete sem retorno para a terra da frustração. É bom desejar ser perfeito, mas assumindo que vamos ser imperfeitos. Quer seja a aprender uma nova língua, tocar um instrumento novo, estudar algo diferente ou falar com alguém com quem nunca falámos, pode ajudar-nos mudar de perspetiva.

Como nos podemos libertar do perfeccionismo?

  1. Distinguir o essencial do acessório. No que é essencial mantermos o empenho, no que é acessório, relaxar. Tipicamente achamos que coisas acessórias são essenciais, mas temos que saber separar e dedicar-nos ao que interessa.
  2. Ao ponderar uma decisão, pensar não só não no que pode correr mal mas também no que pode correr bem? Ao pensar um novo projeto, um convite, uma viagem fora, fazemos bem em antever riscos e imaginar o que pode correr mal, mas isso não basta, é igualmente importante pensar no que pode ser maravilhoso, como nos pode ajudar e como pode tornar a vida melhor…
  3. Aprender com bons exemplos. Quer sejam exemplos exteriores: que pessoa que eu admiro também tem inclinação para o perfeccionismo, mas consegue geri-lo bem? O que posso aprender com essa pessoa? Mas também exemplos interiores: Lembrar as vezes em que as coisas correram bem apesar de eu ser imperfeito, em que soube gerir bem o perfeccionismo.
  4. Celebrar e desfrutar mesmo as coisas que não foram perfeitas. Um trabalho, uma nota, uma coisa. Arrisquei, não saiu perfeito é verdade, mas mais vale feito que perfeito.

Libertar do perfeccionismo não significa promover a mediocridade, ou desistir de ser melhor. Pelo contrário, é promover o gozo e a aprendizagem (já referimos isto aqui) e querer ser sempre melhor. E isso já é perfeccionismo que baste.

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