Como lidar com os ciúmes?
Não é de estranhar em algum momento da vida sentirmos ciúmes.
Pode ser entre irmãos, entre amigos ou entre namorados e casais.
Porque acho que os meus pais gostam mais do meu irmão do que de mim. Porque um amigo não me liga, porque uma namorada passa tempo com outras pessoas e não comigo…
Porque sentimos ciúmes e o que podemos fazer?
Sinto ciúmes quando sinto a ameaça de perder algo que valorizo. Fico ciumento porque tenho medo de perder a outra pessoa, porque gosto dela…
E isto é natural… porque gostamos de ser gostados. Porque desejamos que se dediquem a nós com uma atenção exclusiva. Porque não queremos sequer imaginar ficar sozinhos. Porque não queremos perder o que valorizamos…
Tudo é natural, até que rapidamente deixa de o ser.
Porque o ciúme é também querer ser indispensável.
É querer ser o único protagonista, o centro das relações, dos afetos, das atenções.
É ficar possessivo a controlar a vida do outro: com quem se dá, o que faz, o que diz…
É ficar escravo de pensamentos obsessivos: do medo da traição, do pior cenário, do abandono…
Vivemos de repente dominados pela insegurança. Pela desconfiança. Pelo medo fundamental de perder aquela pessoa.
Mas tudo o que se faz partindo da desconfiança dá mau resultado. Todos os infernos começam quando me faço o centro do mundo.
Perante um sentimento difícil como os ciúmes, surge a nossa reacção, que tragicamente não ajuda, porque cria um ciclo de desconfiança:
Se quero controlar o telemóvel do outro, se quero saber tudo o que vai fazer, só o vou esgotar e afastar. Quanto mais controlamos, mais suspeitas se levantam. Quanto mais chamamos e exigimos, mais o outro se desliga.
Quererei voltar a estar com uma pessoa que me acusa, me cobra ou me ameaça? Ou afasto-me de quem me faz sentir mal?
Pelo contrário, não nos sentimos atraídos por quem confia em nós? Em quem quer o nosso bem?
Isto não se trata naturalmente de alimentar a infidelidade conjugal ou o relativismo moral, mas de não querer ser dono do outro. O outro não é minha propriedade.
Amar é deixar ir, para que o outro livremente possa regressar.
O que podemos fazer quando nos sentirmos presos neste ciclo? 3 práticas poderão ajudar:
- Comunicar o que sinto, não acusações: Em vez de dizer “não é normal estares com aquela pessoa…” tentar antes: “Tenho medo de te perder e custa-me imaginar a minha vida sem ti, porque gosto muito de ti”
- Largar o controlo: abandonar os mecanismos de controlo, telemóveis, esquemas, mensagens, perfis das redes sociais, e confiar simplesmente no outro e nas suas decisões. Nada me faltará para uma vida cheia, não preciso de controlar tudo.
- Treinar a amizade: Na amizade verdadeira a felicidade do outro é mais importante do que a minha ncessidade. Como me posso alegrar e querer o bem do outro? Como posso expressar o meu carinho e apoio ao outro?
É por me desvalorizar, por não ter a certeza que tenho dentro de mim o essencial, que me deixo levar pelos ciúmes.
Tenho em mim tudo o que é preciso para viver uma vida preenchida.
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