Todos nós, pessoas agradáveis, de vez em quando pensamos coisas como: e se eu empurrasse esta pessoa? Ou se me atirasse deste muro? E se atravessasse agora a estrada? Ou se metesse conversa com este estranho?
Todos temos pensamentos inesperados. Pensamos que somos os únicos, mas não, simplesmente não falamos sobre isso.
Como se tivéssemos tranquilamente no nosso quarto, e entrasse alguém de repente sem ser convidado!
“Tentem impor-se a tarefa de não pensar num urso branco, e vejam o animal a aparecer todos os minutos” Fyodor Dostoyevsky
Dr. Daniel Wegner fez uma experiência famosa em Harvard em 1987, sobre a eliminação de pensamentos. Pediu às pessoas para registarem livremente o que pensavam, e a outro grupo pediu para sempre que pensassem num urso branco, registarem ou tocarem um sino. Ao pedir para não pensarem num urso branco, as pessoas acabam por pensar muito mais do que se não lhes tivessem pedido.
Este é o paradoxo da supressão de pensamento: se quisermos bloquear um pensamento, acabamos por o ter muito mais.
De que forma podemos então lidar com estes pensamentos intrusivos?
- Pensar ativamente noutra coisa.
Trata-se de substituir os pensamentos não desejados, muitas vezes que são inquietantes ou incómodos, por outros inofensivos, como o urso polar! Todos temos pensamentos recorrentes, medos, frustrações, como é importante treinarmos as nossas cabecinhas para conseguirmos focar em pensamentos mais úteis, quando damos por nós num ciclo de pensamento obsessivo!
- Aceitar.
É simples, mas não é. Trata-se de aceitar o que estou a pensar, e tentar centrar-me no momento em que estou. Pôr os pezinhos bem assentes no chão, respirar fundo, deixar que as preocupações do trabalho ou casa façam parte, deixá-las passar à nossa frente, como nuvens a passar à frente do sol. Irão também passar.
O principal não é ter ou não pensamentos intrusivos, porque todos temos mais ou menos vezes, mas sim, como lidamos com eles.
Podemos ter todo o tipo de pensamentos, inesperados ou bizarros, desde que não se traduzam em acções. A partir do momento que começamos a agir com base nos pensamentos aí já temos responsabilidade. Se estou sempre a pensar “E se desse uma bofetada nesta pessoa” e depois de facto dou, temos um problema (e uma pessoa esbofeteada).
O essencial não é apenas o que pensamos, mas o que fazemos com o que pensamos. E aí temos sempre escolha.
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