Há quem ache que os casalinhos que gostam mais um do outro são os que dão mais beijinhos. Quem der mais abracinhos, quem disser mais não sei viver sem ti, quem der mais beijocas, é quem gosta mais do outro. Sem dúvida, miminhos são bons… Mas será que quem beija mais é quem ama mais?
Será que a mãe que ama mais o seu filho é a que lhe dá mais beijinhos? Então para ser a melhor mãe do mundo bastava não largar a bochecha gorda do pirralho…
Infelizmente as beijocas estão longe de ser a resposta completa para o amor que procuramos e precisamos. Com todo o respeito pela beijoca – que é sempre aprazível – mas ela está sobrevalorizada. O amor pede muito mais que beijocas…
O amor pede paciência
Quem ama mais, os que desistem à primeira contrariedade ou os pais que acordam 10 vezes por noite por causa dos filhos?
O amor concretiza-se numa oferta de tempo e numa oferta de vida. Não em grandes gestos heróicos, mas pequenas atenções diárias. Em paciência infinita com os outros, porque a paciência é uma forma de amar. Os impacientes não sabem amar. (mas talvez saibam beijar)
O amor pede consistência
Quem ama mais, os jovens namorados que não se descolam ou os velhinhos casados há 50 anos que continuam a ser suporte um do outro?
O amor não é fogo de vista, amor é coisa que dura. Amar a sério leva décadas. Dar uns melos é uns segundos. Não dá para amar e descartar. Ficamos presos ao que amamos, como dizia Saint Exupery somos para sempre responsáveis por aquilo que cativamos. O amor revela-se aos que continuam.
O amor pede acção
Ama mais quem sabe todas as teorias do amor, ou quem faz alguma coisa com isso?
Um amor que não se concretiza numa realidade concreta, torna-se apenas numa teoria utópica. Amo muito os pobrezinhos de África, mas depois não mexo uma palha por eles. Amo muito a minha família, mas nunca ponho os pés lá em casa. Amo muito a minha mulher, mas depois não sou capaz de a ouvir 10 minutos seguidos.Há quem prefira um amor platónico a um amor real, mas um dá frutos reais e o outro não O amor pede acções e opções concretas.
O amor pede olheiras
Ama mais quem sente muitas coisas, ou quem se sacrifica pelo outro?
O amor é uma coisa feia. É um sacrifício desconfortável e incoveniente. O amor não tem horários nem tem limites. O amor rasga o egoísmo, para dar alguma coisa ao outro. O amor exige queimar a vida, para que outros brilhem mais. Não é coisa para os bonitinhos e sedutores. É para quem está nas trincheiras, para quem não dorme, para quem continua a lutar por alguma coisa maior.
O amor pede desprendimento
Ama mais quem exige muito dos outros, ou quem ama livremente?
Um grande amor tem de vir acompanhado de um grande desprendimento. Se pomos demasiada intensidade nas coisas, esmagamo-las. É preciso amar como quem não quer a coisa. Trabalhar como se o trabalho fosse a coisa mais importante do mundo, mas ao mesmo tempo como se não mudasse nada. Gostar loucamente de uma pessoa, mas como quem não precisa dela. Cuidar atentamente da nossa família, mas como se não fizesse diferença.
Sim o amor pede muito mais que beijinhos e muito mais que tudo isto. O amor pede que ofereçamos tudo o que temos e tudo o que somos, como se não houvesse mais ninguém no mundo. Como se mais nada importasse.
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