Caros amigos leitores,
Está aí o Verão. O inesperado vai desligar a ficha durante o mês de Agosto, para voltar em Setembro com novidades frescas e mais artigos! Mas antes das lágrimas da despedida, fica aqui um artigo grandote sobre a nossa capacidade espantosa para lixar as coisas… e o que podemos fazer quando isso acontece!
Para todos nós que temos 2 olhos na testa, uma cabeça e um coração, fica aqui uma verdade chata: vamos fazer asneira.
Apesar de todas as nossas boas intenções e cuidados, vamos acabar por fazer asneira. Vamos magoar outras pessoas de quem gostamos. E vamos-nos magoar.
Parece que temos dentro de nós uma tendência para aparvalhar. É mesmo. Uma força que nos puxa para o disparate, para a loucura, para a dor. Fazemos o nosso melhor para não deslizar, but we just can’t help it.
Isto significa que somos seres perversos, condenados ao disparate e sem cura possível?
Não. Significa que somos parte da raça humana. Welcome!
Mas o que fazemos nas alturas em que fazemos borrada? Nas alturas em que causamos dor aos outros e a nós?
Culpamos os outros pela nossa asneirada? Culpamos as circunstâncias? Culpamos o nosso passado?
Hmmm… Tem que haver outras alternativas, por uma simples razão: culpar outros – por muito tentador que seja – é apenas arranjar uma desculpa para nós próprios. Não vamos jogar ao jogo de atribuir culpas: cada vez que culpamos outra pessoa ou circunstância, estamos a dar o nosso poder a essa pessoa ou circunstância. O caminho passa por uma atitude madura de assumir responsabilidade.
Então como podemos lidar com um momento de borrada, de forma responsável?
Em primeiro lugar: não desesperar.
Por muito dolorosa que seja a circunstância, por muita dor que tenha causado a outros ou a nós, nada está perdido. Não há nenhuma circunstância de onde não possam nascer coisas boas. Cada disparate traz dentro um convite para uma vida melhor. Não perder nunca essa certeza. Se nos deixamos desesperar é garantido que continuamos a disparatar.
Em segundo lugar: tomar consciência do disparate.
Por muito absurda que pareça esta ideia… devemos contemplar e saborear a dor que infligimos aos outros e a nós próprios. Olhar de frente para ela, sem pestanejar, sem fugir. Olhar essa verdade violenta sem culpas ou desculpas. Não por masoquismo, mas porque a aprendizagem genuína só surge quando tomamos consciência aguda da dor que provocámos.
E da consciência da nossa asneirada vem também um profunda humildade, porque compreendemos bem quão fabulosamente conseguimos lixar as coisas.
Em terceiro lugar: reparar o que pode ser reparado.
Há coisas que não conseguimos voltar a deixar como estavam. Mas podemos sempre fazer alguma coisa para melhorar a situação. E muitas vezes isso passa por um pedido de desculpas a quem magoámos. Para reparar as feridas que fazemos nos outros e em nós, temos que passar por um processo de reconciliação genuíno, em que as duas partes têm que estar activamente envolvidas. Uma desculpa esfarrapada é apenas um segundo insulto. Desculpas como “Desculpa SE te magoei…” também não servem de nada. A desculpa tem que ser sentida e vinda do coração. Só com acções assim – puras, genuínas, boas – é que se quebram ciclos de irritação, raiva e dor.
Por fim, devemos aceitar esta ideia simples: o problema não é termos cicatrizes, é termos feridas abertas.
Vamos então aprender a lidar com as nossas asneiradas para não deixarmos feridas abertas.
E já agora… que as nossas cicatrizes nos lembrem a tratar melhor os outros, e nós próprios!
Com ou sem asneiradas, um excelente Verão para todos!
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