Vamos abrir a caixa de Pandora?
O que é que se passa com a nossa tendência para nos compararmos com os outros?
Está gravado no nosso interior uma lógica que nos faz comparar day-in day-out com a malta que está à nossa volta (ou nos ecrãs):
Txi, como o namorado dela a trata… que querido… e eu… nada.
Txi, casa com vista para o rio… e eu a viver num t0 a cheirar a fritos…
Txi, ela faz sempre viagens espectaculares, e eu… daqui não saio…
Estes pensamentos piratas assaltam-nos sem piedade. E nós temos uma atracção perversa para deixá-los entrar.
Ainda para mais, estas comparações surgem com 2 formas habituais:
1. Eu em baixo: Olha ela tem isto, e eu não tenho. (isto = namorado, vestido, carro, emprego, bebés, férias, etc ).
2. Eu em cima: Olha eu sou muito melhor que todos nisto.
Ou usamos as comparações para nos sentirmos pequeninos ou para nos sentirmos grandes. Uma fica pelas lágrimas da autocomiseração, outra pela vaidade e soberba. Parece que estamos sempre a querer provar aos outros o nosso valor. Ou nos sentimos muito em baixo porque os outros têm coisas que não temos, ou rapidamente pomos todos em baixo, para parecer que estamos em cima. Nesta luta das comparações, todos perdem.
Mas como podemos usar então esta força danada?
1. Tomar consciência do que está escondido.
Aproveitar as comparações, ter coragem e fazer perguntas duras a nós mesmos: porque me comparo tanto neste aspecto? O que invejo nos outros que não tenho? Que parte da minha vida não me deixa em paz? o meu corpo, os meus amigos, a minha família, o meu passado?
Nas comparações estão escondidos segredos acerca do que mais nos pesa. Shhh, ninguém precisa de saber.
2. Descobrir o que me torna diferente.
Se não me comparasse com os outros, não chegaria à conclusão que sou único. Que sou esta pessoa igualmente brilhante e cretina.
Um grau mínimo de comparação é saudável, para tomar consciência do que me torna diferente.
Hello, ninguém desenha como tu desenhas… tens aí um talento!
E nada de falsas humildades nem orgulhos desmedidos: tenho jeito para quê? Dançar, liderar, cozinhar, organizar, falar, criar, ajudar?
É necessário reconhecer as coisas que somos bons a fazer, e pôr isso no mundo. (ele agradece)
3. Fazer comparações felizes.
Quando comparamos, normalmente imaginamos uma vida ideal da outra pessoa. Mas a pessoa que comparamos e invejamos também tem problemas e também vai ter cabelos brancos e rugas. A sério, vai ter. Ah, mas ela é casada e tem 2 filhos, quem me dera!
Pois… mas tem uma sogra que nem queres imaginar. Quando comparamos… deixamos sempre as sogras de lado.
Mas se é para teimar e comparar, porque não olhar antes para comparações felizes? Porque não olhar para pessoas que nos inspiram e nos fazem querer ser melhores?
Deixemo-nos então de comparações desesperantes e de atitudes arrogantes. Vamos tomar consciência das nossas motivações, reconhecer com humildade o que somos bons e usar inspirações que nos ajudem a ser realmente melhores.
Isto das comparações não é uma luta com os outros. É uma luta connosco. Vamos a isto?
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