Andas por aí a tentar fazer o melhor que consegues. Às vezes nem isso tentas. Mas não faz mal. Andas por aí e tentas que te saia tudo bem. As relações que tens, o que dizes, os projectos que fazes. Queres que as coisas saiam com pinta, que corram muito bem.
Tudo óptimo. Mas vais falhar.
E depois, vais falhar outra vez.
Às vezes falhas de uma forma absolutamente memorável com um espalho no meio da rua, ou com uma conversa completamente ao lado. Outras vezes mandas uma calinada inacreditável no trabalho ou mandas-te para fora de pé num tema que nada percebes e fazes figura triste. Outras vezes falhas de forma pequenina. Enganas-te na pontuação. Dás uma resposta ligeiramente errada. A bola vai ao poste.
Mas nem vale a pena achares que não falhas. Enganas-te, erras e falhas. E vais continuar assim.
As boas notícias é que isso não é problema.
Lembro-me de querer muito fazer tudo bem à primeira. E era giro ver como essa vontade rígida, me comprava um bilhete direitinho para a terra da frustração. Essa terra é uma chatice, dá-me muito mais alegria ver as coisas de outra forma:
A vida vai continuar. Sempre.
Às vezes temos medo de falhar porque falhamos achamos que a vida vai acabar. Vamos ser aspirados para algum lugar estranho. Pronto, a proposta para o cliente não saiu perfeita. Falhaste no exame. Foste desqualificado no torneio. Pronto, falhaste. So what?
A vida vai continuar.
Às vezes só não continua na tua cabeça, porque ficas agarrado ao que não conseguiste. Cada minuto aí, é um minuto perdido a aceitar o que pode vir de espectacular e de inesperado.
Os grandes também falharam muito: O primeiro acorde que o Eric Clapton deu na guitarra não deve ter saído grande coisa. E o Usain não bateu um record do mundo na primeira vez que correu os 100 metros. Tentaram milhares de vezes.
É famosa a frase do Thomas Edison, quando confrontado com os seus fracassos: “Descobri 1000 maneiras de como não fazer uma lâmpada”.
E não é uma humilhação: para a malta que é perfeccionista, falhar pode ser mesmo humilhante. É bom ganhar uma leveza em relação aos falhanços. Não levar tão a peito os nossos erros. Aceitar esses e aceitar os dos outros. E estamos todos bem.
Mas não há nada como um super falhanço para dar uma grande história.
Uma tampa clássica dada pela miúda linda. O chumbar com 9 erradas no exame de código. Partir um candeeiro a meio de um jantar de cerimónia. Histórias gloriosas vêm também de falhanços míticos.
Porque não encurtar o tempo que nos faz rir destas coisas coisas?
Gostamos de pensar: “Quando olharmos para trás ainda vamos rir disto”. Como dizia o Tony Robbins…Porquê esperar?
Vamos aprender a falhar mais rápido?
A empresa norte americana IDEO tem como parte da sua filosofia a frase: “we fail faster to succeed sooner.” Falhar mais rapido para alcançar mais cedo. Bestial não é? Mas de nada serve, se entre cada erro não houver uma aprendizagem.
Temos que saber espremer bem o sumo de cada experiência, porque tantas vezes voltamos a repetir vez atrás de vez os mesmos erros. O Einstein chamava insanidade a tentar sempre a mesma coisa e esperar diferentes resultados.
Vamos falhar rápido, para aprender ainda mais rápido.
Mas atenção: não é mau ser perfeccionista. Nem querer fazer as coisas mesmo bem feitas. É um bom motor essa exigência. Mas temos que saber lidar com o falhanço. Aceitar os nossos erros e os dos outros, porque falhar faz parte do pacote. Faz parte das coisas grandes da vida: das relações, dos projectos, da família e do trabalho.
Em vez de fugirmos aos erros, vamos aprender mais rápido.
Vamos encurtar o espaço entre um falhanço e o próximo.
Vamos fugir aos sítios onde escorregamos e em que nos sabotamos.
Vamos encontrar soluções originais e criativas para aprender rapidamente. Cada uma à medida de cada um.
Vamos a isso?
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