Há uma cena célebre no filme “Wall Street” de 2010, em que o personagem principal diz ao seu genro, depois de lhe roubar milhões de euros: “You see kid, there’s one thing you never understood. It’s not about the money. It’s about the game between people.”
O mítico Gordon Gekko (Michael Douglas) com o seu fato milionário, o cabelo perfeitamente cortado, e num luxuoso escritório de Londres vai ao coração da coisa.
Se perguntássemos na rua a qualquer pessoa se ela queria um milhão de euros, toda a gente diria que sim. Mas ninguém quer um milhão de papeis com desenhos de monumentos que ninguém conhece.
As pessoas querem um milhão de euros, não pelo papel em si, mas pelo que representa para elas. Pelo que pode trazer.
Não é acerca da mansão gigante que posso comprar. É o que ela diz acerca de mim, e de como posso ser visto pelos outros.
“It’s about the game between the people”
Ou seja, o dinheiro traz consigo aceitação, admiração, reconhecimento, prestigio. Os olhares de tanta gente, os comentários, os elogios, a forma como isso me faz sentir. O acesso a sítios exclusivos, as simpatias e as portas abertas facilmente.
Todo o entusiasmo com o dinheiro vem de alguma forma de relação com pessoas.
E daí o dinheiro ser tão viciante: brinca com dinâmicas interiores grandes demais para serem pegadas à primeira. Não estamos a falar de uma vaca bravia que meia duzia de forcados pegam. Estamos a falar de um toiro mexicano de 600 quilos. Neste caso, o toiro é a aceitação dos outros, o reconhecimento, a segurança. O gostarem de nós. Tudo coisas que passamos a vida a lutar para ter. E o dinheirinho mexe muito com essas coisas todas.
“It’s about the game between the people”
A não ser que sejamos das poucas pessoas do mundo que vivem a partir de trocas…mais tarde ou mais cedo vamos ter dinheiro na carteira, e perceber como isso mexe connosco. E como isso altera a relação com as pessoas que nos rodeiam, e o que fazemos da vida.
O que dá pica é que isto de saber lidar com o dinheiro vai levar tempo. As responsabilidades ao longo da vida variam, por vezes estamos confortáveis, outras vezes com filhos para cuidar… Independentemente, o dinheiro está cá para ficar, e o que no final vai fazer a diferença é a forma como lidamos connosco mesmos. Porque no fundo nada disto tem a ver com dinheiro. É tudo acerca das pessoas.
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