A todos vós, seus medíocres. A todos vós, que sois medianos. A todos vós, que nada sois de especial!
Prestai atenção!
Bem sabeis quão poucas capacidades tendes. Bem sabeis quão pouco fascinante é a vossa vida. Bem sabeis quão pouco impressionantes são os vossos feitos. Ou pior ainda, nada disto sabeis!
Tudo o que dizem de vós, todos os impropérios, todas as ofensas, todas as críticas pela vossa tremenda vulgaridade, pesa comunicar-vos, são absolutamente legítimos! Escutastes bem: a vossa miséria é absolutamente real e terrivelmente verdadeira.
A vossa incapacidade de ser magnificamente bem sucedidos em qualquer empreendimento da vida é de facto uma característica da qual não vos podeis livrar.
Escutai e prestai atenção!
Há em vós uma incapacidade crónica de fazer algo de glorioso, de fazer algo brilhante, algo absolutamente notável. Por muito que vos esforceis, por muito que tenteis, nunca ireis brilhar como brilham os grandes, nunca sereis admirados como os poderosos, nunca sereis aplaudidos nas praças e nas ruas.
Não vos venho adular com falsas cortesias nem com palavras agradáveis ao vosso ouvido. Nada disso! Venho dizer-vos com toda a verdade: estais condenados a uma vida regular, a uma vida vulgar, a uma vida terrivelmente normal. Nunca sereis famosos e nada alcançareis de glorioso.
Mas não vos ireis contra mim, sou apenas um mensageiro! Não demonstreis mais uma vez, com essa vossa reacção, a tradicional banalidade a que nos tendes habituado. Não me fazeis assim ver novamente como nada sois de especial?
Tende paciência e aguardai.
Porventura sabeis as razões que movimentam o mundo? Porventura conheceis os recantos mais profundos do vosso ser?
Porventura podeis garantir que uma existência tão comum não tem riquezas desconhecidas?
Escutai as minhas palavras e segui o meu conselho!
Não ambicioneis a vida dos grandes e magníficos. Não invejeis as taças de prata de onde bebem os seus vinhos. Não desejeis os cordeiros gordos com que se saciam. Não cobiceis o seu poder e o seu sucesso. Não granjeeis os aplausos que eles recolhem.
Acaso conseguis sondar os seus corações? Sabeis o que eles sentem quando se fecham as cortinas? Sabeis os fardos que carregam em segredo?
Não queirais ser como os inteligentes. Trazem consigo o peso da vaidade e a solidão de serem incompreendidos.
Não queirais ser como os poderosos. Vivem aterrorizados de perderem os seus domínios e a sua autoridade.
Não queirais ser como os belos. Caminham assustados pois a sua aparência está destinada a ser passageira.
Alegrai-vos antes pela vossa vida normal e pelas vossas capacidades perfeitamente medianas.
A vossa incapacidade é uma benção. A vossa vulgaridade é um privilégio. A vossa normalidade é um dom.
Esquecei o que se diz de vós. A vossa vida comum não é uma vida inferior!
Aprendei a apreciar uma vida simples. A desfrutar de uma existência serena e sem ambições.
Tereis sempre a força que necessitais para enfrentardes as dificuldades, e as capacidades para fazer um trabalho honesto. Cuidai daqueles que vos são confiados e vivei com alegria e gratidão.
Vereis então que no meio da normalidade da vossa vida revelar-se-á tudo o que é verdadeiro, tudo o que é grande, tudo o que é belo.
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