O que é que julgas que estás a fazer? A ler um post a estas horas? Não devias estar a trabalhar? Não devias estar a fazer outra coisa? Pois bem, hoje não te preocupes, podes ficar aqui. Podes ficar porque vamos falar precisamente sobre isto: sobre a procrastinação.
Procrastinar é adiar as coisas que realmente precisamos de fazer. Sim, um talento nato que todos partilhamos: adiar projectos, trabalhos, conversas… Se nos pagassem para adiar coisas, estaríamos milionários.
Mas porque raio temos esta tendência para procrastinar?
O nosso cérebro é maroto: prefere pequenos prazeres agora, do que uma recompensa depois. E como prefere sentir-se bem agora do que depois, troca os pequenos prazeres presentes de estar distraído – online e offline – pelo gozo futuro de ter terminado um trabalho desafiante. É mais divertido estar agora na internet – a navegar ao ritmo de clicks, imagens e estímulos – do que preparar um trabalho difícil que temos pela frente. O único inconveniente é que fazendo apenas o que apetece agora, nada fica feito.
Mas como podemos então avançar com o que temos a fazer,
e rebentar com a procrastinação?
1.Comer o porco às fatias.
Muitas vezes as tarefas que temos pela frente parecem-nos grandes e feias. Mas se as partirmos em pedaços mais pequenos, tornam-se mais fáceis. É difícil comer um porco inteiro, mas se o partirmos às fatias… é uma maravilha.
Para facilitar a digestão, ajuda ir dando pequenas recompensas por cada fatia que comemos. Isto é, para não adiar demasiado tempo o prazer de estar a fazer o que devíamos, vamos-nos premiando por pequenos avanços. Por exemplo: trabalhar 40 minutos afincadamente, e depois parar 10 minutos para descansar e fazer uma coisa que nos dê gosto: ouvir uma música, ler um artigo, ver um vídeo,etc.
Estes tempos podem-se depois alargar à medida que o leitor se habitua a digerir porcos de maior envergadura.
2. Estabelecer prazos.
A parte mais difícil de começar um projecto é começá-lo. E a melhor forma de o fazer… é começando. Mas para avançar ajuda ter uma pressão saudável, um prazo que nos estimule. Se não temos prazos definidos, o mais natural é irmos ao sabor do que nos apetece fazer. E normalmente trabalhar no duro não é apetecível.
Caso não haja pressão externa para avançar – o que costuma ser mais eficaz – temos nós próprios que estabelecer prazos exigentes. É fácil queixarmos-nos das pessoas a quem prestamos contas, mas na realidade nós somos terríveis chefes de nós mesmos. Temos por isso que pensar em formas inteligentes que nos forcem a avançar, fazendo por exemplo aquele telefonema que sabemos que vai por a coisa a rolar. Ou mandar o email que nos vai obrigar a fazer o follow up. Ou contar a um amigo o que definimos e dar-lhe a autorização para nos pressionar…
3. Remover todas distracções.
Na altura em que vamos por as mãos à obra, subitamente parece-nos fundamental consultar o email, arrumar a secretária, ouvir uma música ou falar para o lado. Todas essas ideias nos parecem bestiais. Mas não são.
O que temos que fazer para nos isolarmos do que nos distrai? Desligar o telemóvel, a internet, o computador? Comprar uns headphones?
Temos que tomar uma decisão consciente para remover todas as distracções a priori, sem cair na ilusão da nossa extraordinária disciplina para ir rejeitando uma a uma estas pequenas distracções. Na altura, todas elas vão parecer imperiosas e bestiais, quando só nos afastam sorrateiramente do que temos a fazer.
Basta de desculpas, distracções e projectos furados. É hora de rebentar com a procrastinação. É hora de ir trabalhar.
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