I want it all, and I want it now.
Assim cantavam os Queen, e assim cantamos nós: queremos tudo, e queremos agora!
Exigimos que as coisas da vida corram à nossa maneira, sem qualquer piedade.
A semana passada falámos de algumas impaciências mais ligeiras que nos vão acontecendo. Hoje vamos levantar pesos mais pesados e falar de coisas de crescidos. Seguramente as nossas vidas não correm exactamente como planeámos. Aliás, tantas vezes correm tão longe do que imaginámos e tão longe do que gostaríamos.
É precisamente quando as coisas não correm como planeado que a paciência é chamada a entrar em acção. Porque quando a coisa vai controlada e à nossa maneira aí estamos todos bem.
Agora quando nunca mais encontramos o namorado que queremos, o trabalho que gostaríamos, ou a forma física que queríamos, aí é que vemos.
Com certeza que não vão faltar ocasiões na vida em que achamos: que raio, isto nunca mais avança! Nunca mais percebo qual será o meu caminho! Porque é que este sofrimento não se resolve!
Acontece que gostamos muito de ser activos, produtivos e úteis. Achamos que a paciência é uma perca de tempo, para gente que não sabe lutar, conquistar. Um desperdício de energias quando podíamos estar a fazer coisas realmente importantes. Achamos que é uma espécie de amuo, um encolher de ombros resignado, um olha, paciência!
Nada disso! A paciência é uma espera inteligente. É uma actividade passiva.
É tolerar o que não corre bem e aceitar que não controlamos tudo. É perceber que há coisas que levam o seu tempo, e que não fazemos puto ideia de quanto tempo será!
É que simplesmente há coisas que não conseguimos apressar. E se as apressarmos podemos estragá-las. Uma educação não se apressa, um amor não se apressa, um coração não se apressa. Há coisas que levam o seu tempo, e fogem completamente ao nosso controlo. E isso pode ser muito assustador.
Não gostamos de esperar, mas a paciência é muito amiga da esperança. Sim, sim. Andam de braço dado e passeiam juntas. Só tem paciência quem espera que venha aí alguma coisa de melhor. Mais paciência pede sempre mais esperança.
A paciência é também um músculo. Durante a infância está meio atrofiada- não precisamos bem de usá-la – mas depois quando entramos na arena dos adultos, vai sendo cada vez mais chamada à acção. E das duas uma: ou continua atrofiada, ou a desenvolvemos para sermos capazes de levantar grandes pesos. Nunca é tarde para ficar em forma. Esse músculo ajuda-nos em tantas coisas diferentes!
É tão importante ter paciência com as pessoas de quem gostamos, com os sofrimentos que não compreendemos, com as dificuldades que nos aparecem todos os dias.
Precisamos muito de paciência, porque só ela dá tempo e espaço a que coisas novas possam nascer.
Há transformações que só acontecem se formos pacientes. Coisas que achamos impossíveis podem acontecer se formos pacientes.
É realmente bom lutarmos por objectivos e dar tudo por tudo pelo que acreditamos. Mas também temos que aprender a paciência. Paciência connosco, paciência com os outros, paciência com a vida. Das coisas pequeninas da vida até às grandes, todas nos pedem uma dose generosa de paciência.
Vamos dá-la, cada vez com mais esperança, cada vez com mais confiança.
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