Há dias em que nos sentimos sem paciência.
Voltar a ouvir as birras daquela pessoa?
Fazer de novo aquele trabalho que não gostamos?
Explicar a mesma coisa 100 vezes a quem não percebe?
Não tenho que aturar isto! Que falta de pachorra…
Contudo, acabamos por fazer o que temos a fazer: lidar com as mesmas pessoas e resolver os mesmos problemas. Fazêmo-lo de queixo cerrado, pensamentos irritados em looping e algumas bocas sarcásticas para quem aparecer. Ninguém está a salvo de um generoso ataque de impaciência: filhos, amigos, namorados, irmãos e pais.
O que é que podemos fazer então?
1.Ter cuidado com os ditadores
Temos que ter cuidado com essa voz que impõe o que queremos, como se de um mini ditador se tratasse. Ele anda cá dentro, todo fardado, a fazer discursos inflamados sobre como as coisas deveriam ser. Fica cada vez mais irritado, tem cada vez mais exigências e grita cada vez mais. É um indivíduo consideravalemente feio e intolerante.Temos que ter cuidado com ele e não lhe dar demasiada papinha. Não queremos engordar o pequeno tirano, porque ele é guloso e quer cada vez mais. Ele pensa apenas nos seus interesses e leva tudo à frente. Manda em muita gente e magoa outra tanta. Vamos aceitar que ele anda por aí, mas não o vamos levar demasiado a sério.
2. Rir quando calhar e quando não calhar
Há alturas em que nos sabe bem rir: à volta da mesa com amigos, de cerveja na mão, num ambiente descontraído. Agora no trânsito? Ou a lidar com aquela senhora chata? Ou a fazer o que não nos apetece?
Mas não há nada como um ataque de riso na altura em que não apetece rir. Há pessoas que têm um dom para nos fazer rir, especialmente quando não queremos rir. Vamos aproveitar isso, e vamos aliviar a falta de pachorra com muito riso, especialmente quando não vem nada a calhar. O riso é uma forma de paciência.
Porque não nos rimos daquilo que nos está a deixar impacientes? Se eu me quisesse rir, de que me podia rir? O que é ridículo neste momento?
3. Perceber quem sai a ganhar
As pessoas que estão sempre muito impacientes com os outros, no fundo acabam por estar muito impacientes consigo mesmas. Se há alguma coisa que me irrita tremendamente no outro, é provável que tenha que ver com alguma coisa dentro de mim que não gosto tanto. A falta de paciência com o outro é também uma falta de paciência comigo.
As nossas impaciências magoam as pessoas de quem gostamos e magoam-nos também a nós. Ao perdermos a cabeça com os nossos filhos, amigos ou família, estamos não só a magoá-los como a alimentar a nossa intolerância, manias e caprichos. Na falta de pachorra ninguém sai a ganhar, mas todos saem a perder.
Não vão faltar ocasiões em que perdemos a paciência – desde o tipo que não avança no sinal verde, passando pela velhota que não sai da frente no passeio ou as discussões de sempre em casa – mas se queremos dar uma vida melhor às pessoas de quem gostamos e a nós mesmos, vamos ter que ser pacientes com a nossa impaciência.
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