Há alturas em que algum amigo nos diz: preciso de ajuda.
Não sei bem o que fazer. Não estou feliz. Alguma coisa não bate certo. Não sei o que fazer da minha vida. Ah pois, até dói ouvir.
Antes de mais, uma salva de palmas a quem diz essa frase poderosa: Preciso de ajuda.
É frase de homem. É frase de mulher. Mais palmas!
Quem diz preciso de ajuda é grande porque mostra que não tem as respostas todas, nem as forças todas.
Normalmente olhamos para a nossa vida carregados pelos nossos sentimentos e preferências. Um olhar de fora pode-nos encher de oxigénio. Ter mais uma perspectiva, deixa-nos a ganhar. Mas para ganhar essa temos que largar a certeza que a nossa perspectiva é a única forma certa de ver a coisa.
O que fazemos então, quando nos pedem ajuda?
Até onde estamos dispostos a ir por quem precisa?
Todos os dias ir visitá-lo ao hospital. Fazer companhia quando está sozinha. Convidar para aquela viagem.
Ui… até onde vou?
Cada um tem a sua resposta. Que muda consoante as pessoas e prioridades.
Mas uma coisa é garantida: vai sair do pêlo. Ajudar com coração não é para meninos. É conteúdo só para adultos. Com bolinha e tudo.
Qual o lado positivo desta generosidade?
a. Alguém conta comigo.
b. Posso iluminar outra vida.
c. Dar mais do que achava capaz.
d. Multiplicar tempo. Deixar uma marca.
(vamos até ao z?)
Afinal, talvez valha a pena.
E às vezes nem são GRANDES pedidos de ajuda. São pequeninas coisas assim:
Preciso de ajuda a levar as compras para cima.
Ajuda para pôr a mesa.
Ajuda para ir buscar a avó ao lar.
Ajuda a fazer esta apresentação.
N ã o m e c h a t e i e m ! (É o que dá vontade de dizer).
Especialmente quando estamos embrenhados em alguma coisa ou com outras preocupações. Tudo o que não precisamos é de interrupções e pedidos. Já tenho problemas que me bastem. Raios partam, deixem-me acabar de ver este vídeo, de mandar este email! Nunca se consegue ver uma série descansado nesta casa!
Ah ah! Mas é aí mesmo, quando menos apetece, é que os pedidos caem. E aí é que vemos a fibra da malta. A elasticidade da nossa capacidade de ajudar.
Realmente posso dizer que não. E um não pode ser verdadeiro. Mas normalmente ficamos pelo sim amuado. Ligeiramente birrento. Tipo, estás me a incomodar e ajudo-te de trombas.
Mas a sério, não vamos fazer isto. Estar amuado é que não. É uma infantilidade.
Ou queres fazer ou não. Ninguém te está a obrigar. És livre pá
Se quiseres tiras o rabo do sofá fofo do IKEA. Se não quiseres não tiras.
Se quiseres acartas sacos, dás boleias, acompanhas amigos, arrumas quartos e montas móveis. Se não quiseres, não fazes.
Não te preocupes porque ajudar é um mercado que está sempre em crescimento. Não vai cair de certeza, e outras oportunidades não faltam.
Mas no meio de todos estes pedidos, uns grandes outros pequenos, vemos melhor de que é que somos feitos.
Vemos como estamos ligados uns aos outros e que temos sempre alguma coisa que podemos dar. Sempre.
Caraças pá, a vida é um milagre. Não vamos guardá-la só para nós. Vamos dá-la aos outros. Vamos ajudar.
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