É diferente estar com o diferente

Gostamos de estar com pessoas que são como nós. 

O facto de termos coisas em comum, aproxima-nos. Ninguém ao conhecer uma pessoa nova numa festa pensa: “Ah que giro, gostas de filmes que eu odeio, os teus amigos não têm nada a ver com os meus, os teus hobbies são uma seca, e não tenho nenhum dos teus sonhos. Quero mesmo conhecer-te.”
Por outro lado, entusiasmamos-nos numa conversa em que vemos que o outro gosta da mesmo tipo de música que nós, quando temos amigos em comum, quando já estudámos na mesma escola ou passávamos férias no mesmo sítio.

Aqui o ponto é simples: estamos bem ao pé de quem é como nós.

O problema começa quando nos deparamos com a diferença.

Porque há sempre aquele chato que não apetece falar. Não tem nada a ver connosco.
Estou numa festa a divertir-me com pessoas que quero impressionar e agora aparece-me este que é sempre inconveniente e nunca se cala? Esquece lá rapaz, hoje não posso.

Estou convencido que todos os dias vêm ter connosco pessoas diferentes. Todos os dias. E nunca são especialmente convenientes. Sim: aquele chato. Aquela rebelde. Aquele depressivo. Aquela disparatada. É sempre aquela que não apetece nada e vem na hora mais chata. Mas é essa mesmo que chama por nós e não a loira ao fundo da festa.

A Simone Weil dizia “A atenção é a forma mais pura de generosidade“. Por vezes, basta dizer o nome da pessoa. Rir com os olhos. Ouvir com o coração. 
A magia só acontece se sairmos da nossa mioleira e nos encontrarmos com o outro que é diferente.
Trocado em miúdos: ouvir, dar esperança, acolher à grande.

Faz-nos tanta falta esta generosidade descabida de tratarmos todos como reis. Como no fundo gostávamos de ser tratados. E quem menos apetece amar, é normalmente quem mais precisa do nosso amor.

Gosto da ideia do chefe da empresa que está com o resto da malta da empresa e não tem vergonha de ir falar ao sem abrigo que normalmente ajuda.

E atenção: acolher quem é diferente não é um voluntarismo, uma disciplina auto-imposta ou um acto heróico. Não é para ficar bem na fotografia. É porque não há outra alternativa. Na realidade, só nos realizamos quando estamos em relação com o outro. Só nos conhecemos quando nos abrimos ao que é diferente.

É diferente estar com o diferente. Vamos então sair do mais do mesmo. Vamos abraçar os ossos do outro e descobrir-nos pelo caminho.

Comments

Respostas de 9 a “É diferente estar com o diferente”
  1. Meiner Meinung nach zu spät. Wie man BB kennt, wird es noch eine Verspätung geben, dann sind wir auf jeden Fall im Q1 2014. Hallo? Gebt man Gas wenn ihr wieder nach oben wollt! Bis dahin gibts schon die neuen Gerüchte zum Note 4! Und das SGS5 steht dann sogar schon in den Startlöchern um weitere Marktanteile zu nehmen.

  2. Anónimo

    Gostei tanto João. Imagens que valem por mil palavras – sim sim sou a miúda dos clichés :) keep going!

    1. Anónimo

      Ass: Ana Ulrich

    2. Continua nos cliches, que eu continuo a fugir deles!

  3. Fiquei a pensar que o ‘diferente’ que encontramos nos outros é também um óptimo exercício de abertura ao ‘Diferente’ que há em Deus! Se não nos abrimos à ideia de que Deus vai sempre para lá daquilo que gostaríamos, acabaremos com um ídolo entre mãos…

  4. Devia ter links para partilha do artigo, na própria newsletter. É uma ótima forma de chegar ainda a mais pessoas, simplificando ao máximo o processo de partilha. Eu, a esta hora, já teria partilhado este artigo, por exemplo. Identifiquei-me! Obrigada, Parabéns e continuação!

    *Isabel Novais Machado* *www.indisigni.com*

      1. Anónimo

        Uma pessoa diferente? ou não diferente? diz muito obrigada. Maria

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