Sim sim sim sim! É isto, é isto! Tem que ser e é já!
– Olá boa tarde, queria levar aqueles sapatos de pele branca que estão na montra…
– Estes?
– Exacto, esses.
– Qual o seu número?
– É o 41.
– Quer provar?
– Sim.
…
Bestial, estão-me óptimos!
…
– São estes sapatos. Queria pagar com multibanco…
– Verde código verde.
– Feito! Obrigado e boa tarde!
…
Vai ser uma loucura a festa. Acho que a Maria vai adorar ver-me com o fato de Verão que me deu e com estes sapatos. Sim, ela vai gostar. Ficam mesmo bem…
Nem quero que a festa seja perfeita, quero antes que a malta se divirta, bebam umas caipirinhas, e gostem da vista para o rio. E espero é que a Maria goste ainda mais do que o ano passado. O ano passado fizémos 3 anos de namoro, este ano já vão 4, a responsabilidade é maior. Sempre gostei desta ideia que tivemos de dar uma festa para os amigos para celebrar o nosso namoro! Mas o que é que se passa comigo? Ando num stress por causa da festa, não paro de pensar nisso.
Ele normalmente não andava assim tão nervoso. O último stress que tive foi quando lhe raparam o cabelo a meio da noite, durante semana de férias no Algarve. Estava cheio de medo com o que iam dizer na empresa. Mas acabaram só por gozar com isso. Pior ainda para ele foram as críticas que a Maria fez ao grupo de amigos, uns ” verdadeiros anormais”. Mas ela gostava do cabelo dele assim. E de outra maneira. E aí o stress dele passou.
Outra vez em que andou stressado foi há 2 anos, quando estava a acabar Erasmus em Barcelona, e estava a sentir tudo a fugir-lhe das mãos. Incluindo a Maria. Mas quando voltou, voltaram a estar bem, muito bem. E aí o stress passou.
E este ano o stress era a festa. E os sapatos. Os sapatos tinham que ser perfeitos. Ele sabia bem porque estava nervoso. E tinha tudo a ver com a Maria. Ele gostava mesmo dela. E já lá iam 4 anos que começaram a namorar.
E como nos 4 anos anteriores, chegou o Verão, os jacarandás em flor, as tardes longas e as idas à praia no fim de semana. Chegou também inevitavelmente a festa com os amigos, para celebrar mais um ano de namoro. Um namoro que serve também para os amigos, isso era bom. Eles gostavam disso e gostavam um do outro.
Chegou o dia e chegou a hora. O sol já se tinha posto mas ainda estava luz no terraço. Um fim de tarde incrível. Ouvia-se a música ambiente – com guitarra e baixo – via-se o rio enorme e largo. Os amigos estavam a gostar da festa. Mais uma grande festa.
A Maria está com aquele vestido lindo. Eu, com o fato que ela me deu de linho claro, e também os sapatos. Sim, estamos prontos.
Alguém desligou a música, os amigos pararam as conversas, e ele chamou a Maria para o pé de si.
Ajoelhou-se, pôs a mão dentro do sapato branco, tirou um anel e disse:
Maria queres casar comigo?
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