FOMO: como o medo de ficar de fora pode estragar a vida (e como superá-lo)

Já pensaram falar com outra pessoa num evento na expectativa de encontrar alguém mais interessante?

Já se sentiram em baixo ao ver amigos em sítios fantásticos nas redes sociais enquanto estamos em casa sozinhos?

Ou já alguma vez cancelaram planos à última hora porque surgiu algo melhor, apenas para nos arrependermos mais tarde?

Fazemos isto porque sofremos de FOMO – fear of missing out – medo de ficar de fora, de perder algo melhor.

Porque sentimos isto e como podemos ultrapassar?

Viver com FOMO traz ansiedade, inveja e tristeza à nossa vida, mas porque o sentimos?

  • Necessidade humana de ser incluídos, de pertencer a um grupo. Quero estar com o melhor grupo, a melhor companhia, e tenho medo de ser excluído. Será que se vivessemos numa ilha deserta poderiamos ficar com FOMO?
  • Comparamos a nossa vida com a dos outros e preocupamo-nos com o que nos pode estar a faltar. As redes sociais que tanto gostamos de consultar só nos criam uma pressão adicional: Estará toda a gente a divertir-se menos eu?
  • O medo de me arrepender cria dúvida. Gostamos de manter tudo em aberto, não se sabe o que é melhor… Custa-nos deixar de lado outras coisas: ao escolher uma conversa, ou um restaurante ou uma casa, estou a deixar de fora todas as outras conversas, restaurantes ou casas… Como sei que não me vou arrepender?

É normal sentir a necessidade de ser incluído, de fazer comparações ou ter medo de me arrepender. É normal este medo, mas ele não deve controlar nossa vida.

Como podemos recuperar o controlo e desfrutar do que temos?

  1. Definir o essencial: O que é central e prioritário na minha vida? Porque como se costuma dizer para o que é prioridade arranjamos tempo… para o resto, arranjamos desculpas. Devemos aprender a criar limites e saber dizer “não”. Por incrível que pareça, não depende tudo de nós, não somos indispensáveis e as coisas vão acontecer mesmo sem nós… (calminha querido ego, calminha…)
  2. Viver inteiro e agradecido: Desfrutar plenamente do que tenho agora – uma refeição, uma conversa- sabendo que o problema não é termos uma vida cheia, mas a vida estar cheia de actividades mal vividas. Se o que estou a viver não for bom, a vida é longa, poderei experimentar da próxima o restaurante ou a outra conversa. Como posso cultivar a gratidão no meu coração? Que coisas boas tive oportunidade de fazer e que posso agradecer?
  3. Passar do digital ao real: Reduzir comparação com outros e tempo desperdiçado nas redes sociais e criar tempo para relações profundas e positivas. Se é fácil cancelar por mensagem um programa, ganhar antes a coragem de telefonar à pessoa e explicar as minhas razões. Devemos humanizar as nossas decisões e relações. Do outro lado está alguém real que conta comigo. Se decidi não ir a um programa que queria, como uma festa de aniversário com um amigo de quem gosto, posso sempre em vez disso combinar um almoço a dois para falarmos com calma.
  4. Praticar o compromisso. Palavra dada, palavra honrada. A novidade apetece sempre mais que a fidelidade, mas só crescemos no que nos comprometemos: quer seja no trabalho, no desporto ou na família.

Devemos abraçar a ideia de que é impossível estar em todos os lugares ao mesmo tempo e que ultrapassar o FOMO implica uma mudança de forma de pensar e viver.

Não quer dizer que nunca mudemos de ideias, mas aceitar que é normal sentirmos divididos e que temos sempre a oportunidade de tornar especial aquilo que escolhemos.

Podemos trocar o medo de perder pela alegria de perder.

Que bom que é ter tantos programas e alternativas! Que bom que é também aprender a deixar coisas de lado. A alegria vem não de deixar tudo em aberto, mas de estarmos inteiros e comprometidos com o que escolhemos fazer.

Da próxima vez que for assaltado pela ansiedade do FOMO, posso antes tomar consciência disso e em vez de saltitar e hesitar entre programas, entregar-me totalmente ao que tenho.

Pode ser que tenha uma boa surpresa.

(se não… a vida continua e eu estou bem)


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